Quando chega o momento de efetuar a troca do óleo lubrificante sempre aparecem aquelas dúvidas: o que são essas siglas nos rótulos das embalagens? Devo levá-las em consideração quando estiver escolhendo óleo de motor para meu veículo? Realmente, sem a devida orientação pode ficar bem difícil decifrá-las. Essas siglas codificam algumas características específicas dos óleos. Normalmente no manual do proprietário do seu veículo está indicado qual é a especificação do óleo que vocês deve usar. Existem basicamente 3 especificações com as quais você deve estar atento:
1) Especificação de desempenho
A mais tradicional é a API (Instituto Americano de Petróleo), mas existem especificações européias, como Acea e as respectivas de cada montadora (Para facilitar, essas foram abordadas em outro artigo que pode ser acessado aqui). A especificação API é baseada nos graus de severidade das condições de trabalho aos quais os motores são submetidos.
Para atender às diferentes condições, os lubrificantes são formulados com diferentes tipos e/ou quantidades de aditivos. O código API divide em duas categorias os óleos de motor. Os motores a combustão interna que utilizam velas para gerar a combustão (nossos carros normais) devem ser lubrificados pelos óleos API S – onde o “S” vem do inglês spark (faísca). Já para motores a diesel (com combustão “espontânea”) é utilizada a sigla os API C- onde “C” deriva do inglês compression (compressão). Finalmente os óleos lubrificantes para engrenagens são os API GL, onde “GL” indica gear lubrificant (lubrificante de engrenagens, em inglês). A classificação para motores de carros leva a letra S seguida de outra letra, que determina o “estágio de evolução” do óleo (de A a M, ou seja: SA, SB, SC, SE, SF, SG, SH, SJ, SL e SM).
Esta classificação é de fácil entendimento já que a evolução das letras significa a evolução da qualidade dos óleos. Portanto, para a API, a especificação mais moderna é a SM, que normalmente é usada em veículos de alta performance, com características de resistência à oxidação e proteção contra depósitos. Portanto, quando é recomendado no manual do proprietário um óleo com classificação SJ por exemplo poderá ser usado um óleo SL, porém o contrário não é adequado. Ainda pela API, para os motores a diesel, os lubrificantes são classificados de CA a CF, CF-4, CG-4, CH-4, CI-4 e CJ-4. O mesmo raciocínio de evolução pode ser empregado nesse caso. A mais recente é a especificação CI-4, que confere desempenho efetivo na proteção do motor à diesel com sistemas de pós-tratamento da exaustão, que demandam ainda mais do lubrificante.
2) Especificação de viscosidade
Regulada pela SAE (Society of Automotive Engineers, em português algo como “Sociedade de Engenheiros Automotivos”), consiste num código para facilitar a identificação da viscosidade dos óleos de motor. Viscosidade é uma medida que indica a resistência de um determinado líquido ao escoamento (é só pensarmos no mel e na água. Quem é mais viscoso? O mel, que “se move” mais lentamente). Nessa classificação, há basicamente dois grupos: os monoviscosos (Por exemplo, “30” ou “30w “) e os multiviscosos (por exemplo “10w30”). Os monoviscosos são pouco utilizados em carros hoje em dia, devido à maior capacidade dos multiviscosos de apresentarem menor variação da viscosidade quando se varia a temperatura. Nesses foram introduzidos “aditivos” poliméricos que alteram as propriedades de viscosidade dependendo da temperatura que o óleo está.
O primeiro número dos multiviscosos indica a viscosidade na partida com o motor frio (temperatura ambiente). Quanto mais baixo esse número, menor será o esforço do motor na hora de acioná-lo pela primeira vez no dia. Isso é particularmente importante em países onde a temperatura do ambiente fica abaixo de zero com freqüência. O óleo deve ser capaz de se manter fluido em baixas temperaturas (e principalmente não se solidificar), para garantir que o motor consiga girar corretamente na hora da partida.
Na medida que o motor vai aquecendo, passará a valer a viscosidade indicada pelo segundo número. Esse, por sua vez, indica a viscosidade à temperatura operacional de 100ºC. Quanto maior esse número, maior é a viscosidade quando o óleo está em altas temperaturas. Uma outra forma de entender os óleos multiviscosos é pensar em 20W40 como se fosse um óleo monoviscoso 20 (na partida) que não se afinará mais do que um 40 quando aquecido pelo trabalho do motor.
Para cada motor, o fabricante testa os diferentes tipos de óleo (como os da figura acima) e verifica aquele que melhor se adequa nas suas condições de trabalho. Por isso a importância de seguir exatamente o que diz o manual do proprietário para seu veículo. Na próxima vez que você estiver olhando a tabela comparativa de óleos, note que há óleos com mesma especificação de viscosidade (10w40, por exemplo), mas diferentes especificações API (SJ, SL ou SM).
Para finalizar, colocando em um exemplo, se seu carro requer um óleo SAE 10W40 com API SL, use sintético SAE 10w40 e se puder, com API SM (para maximizar o desempenho). Você até poderia usar algum óleo com o primeiro número SAE menor que 10 e o segundo número eventualmente um pouco maior do que 40, (como o SAE 5W40). Mas nunca deve elevar o primeiro número nem diminuir o segundo além do que é o recomendado pelo fabricante. Por exemplo, nesse caso não é adequado usar o SAE 20W60, exceto em condições especiais previstas no manual, como após alta quilometragem (normalmente 100.000 km).
3) Base do óleo
A terceira especificação é a base do óleo, que pode ser mineral, sintética ou semi-sintética. Para mais detalhes, leia nosso artigo específico sobre a composição dos óleos. Re-enfatizamos que que além de conhecer estas especificações é muito importante verificar que tipo de lubrificante é mais indicado para seu veículo no manual do proprietário. É inadequado não seguir as indicações que estão descritas no manual.